sábado, 12 de fevereiro de 2011

TRÂNSITO, CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO

O Trânsito é, com certeza, o maior espaço democrático que existe. Nas vias públicas de qualquer cidade e nas rodovias de qualquer país convivem – nem sempre em harmonia é forçoso reconhecer – seres humanos distintos, representantes de todas as raças e credos, pertencentes a todos os níveis sócio-econômicos e de qualquer faixa etária.
 
Nesse enorme e multifacetado cenário, ricos e pobres, brancos e negros, velhos e jovens perdem suas peculiaridades e se igualam sem qualquer diferença na fragilidade do ser humano diante da violência no trânsito.

Apesar de todo o avanço conquistado em nosso país nessa delicada questão que envolve os acidentes de trânsito, ainda há muito por fazer. As rodovias mais importantes em função do significativo fluxo de veículos melhoraram em decorrência do processo de concessão. Mas ainda há milhares de quilômetros de rodovias carentes de atenção e segurança. Temos um código de trânsito moderno e rigoroso na aplicação das penalidades às infrações que colocam em risco a integridade física de pessoas, mas ainda não dispomos de uma fiscalização eficiente em todo o Brasil que aplique com rapidez e justiça a merecida punição. E temos, por fim, um cidadão muito mais consciente dos seus direitos e razoavelmente bem informado que, entretanto, ainda não percebeu claramente que o resgate da cidadania no trânsito passa, em primeiro lugar, pela mudança individual das atitudes, como um exemplo, e pela crescente participação junto às autoridades, na busca de soluções, como um compromisso. Colabora para um trânsito menos violento um condutor que respeita as regras e pára nos sinais luminosos e o pedestre que, consciente dos riscos que corre, só atravessa na faixa. Participa de um trânsito mais racional e sem engarrafamentos um proprietário de veículo que oferece carona para outros motoristas que fazem o mesmo itinerário e aquele outro que aceita a oferta, deixando o seu veículo em casa. A mobilidade, o meio ambiente e a segurança da circulação são diretamente beneficiados com essas atitudes solidárias e cidadãs.

Mas há os que não se contentam em simplesmente colaborar, preferindo a cumplicidade no processo sério e honesto de resgatar a civilidade e a harmonia nas ruas e estradas brasileiras. São os que encontram tempo e capacidade para atuarem de forma voluntária e desinteressada no complicado processo de gestão do trânsito.

Vemos no Brasil, como muita satisfação e entusiasmo, o surgimento de um novo tipo de cidadão, que além de exigir o que a Constituição  garante à sociedade - serviços públicos eficientes e de qualidade - oferece voluntariamente a sua colaboração para que esse compromisso constitucional seja alcançado com mais celeridade. São também pessoas de todas as idades e de várias classes sociais que perceberam que um problema de tal magnitude não depende da ação isolada do estado mas sim de um esforço coletivo e cooperado onde o objetivo comum é a preservação da vida e a defesa da qualidade da circulação viária.

Para finalizar, reproduzo uma afirmação absolutamente oportuna do Mestre e Educador Paulo Freire:

“Meu papel no mundo não é só de quem constata o que ocorre. Mas também o de quem intervém como sujeito das ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política e da educação, não constato apenas para me adaptar, mas para mudar.”                  

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